A fé da Idade Média, do absolutismo reinante no regime feudal na Europa do século XVII, enfraqueceu e findou na Idade Moderna. Aqui não mais havia espaço para os dogmas consagrados daquele tempo. As crenças são praticamente postas de lado, prevalecendo tudo aquilo que predominantemente fosse cientifica e/ou racionalmente comprovado.[1]
O século VXIII ficou conhecido como o “século das luzes”; de conhecimento do homem pela razão e não mais amarrado às dogmáticas que o aprisionavam na escuridão do conhecimento; tirania e superstição da Idade Média.
Alguns autores diferenciam a Ilustração, século XVII, que defendia a ciência e a racionalidade crítica contra a fé, a superstição e os dogmas, do Iluminismo, que teve início entre esse período e o século XVIII, que é a tendência intelectual de combate ao mito e de exaltação da razão - aquele como conteúdo determinado e limitado de conhecimentos, e este como uma forma de conquista do conhecimento.
Não obstante a discussão sobre as diferenças ou não do fenômeno (ou fenômenos), o Iluminismo traduziu-se em um estado de espírito que se manifestou em reflexões filosóficas e aspectos da atividade humana com supedâneos na certeza de que a razão, em seu progresso, pode esclarecer todas as questões, e que a sociedade, mediante princípios racionais, pode ser reorganizada.[2] Seria uma atitude geral de pensamento e de ação que poderia resultar no melhoramento do Estado e da sociedade. Portanto, seja como for – Ilustração ou Iluminismo - parece que houve um caminho de continuidade dessa tendência de prevalência da razão entre os séculos XVII e XVIII.
De fato, é o período que consagra a tendência à ruptura do homem com um estado de menoridade (incapacidade de produção de intelecto próprio). É o momento em que prevalece a percepção de que essa menoridade, de comodidade, de subjugação espiritual e dogmática, não deve mais predominar. É o início de uma nova fase, onde a falta de decisão e coragem para o homem se servir do próprio intelecto deixando-se guiar, abre espaço para o Sapere aude (ousar saber)[3], tendo sido considerado como um dos mais importantes períodos da história intelectual e cultural do ocidente.[4]
Exerceu vasta influência sobre a vida política da maior parte dos países ocidentais e marcou transformações tais como a criação e consolidação de estados-nação, a expansão de direitos civis e a redução da influência de instituições hierárquicas como a nobreza e a igreja. Autores associam ao ideário iluminista o surgimento das principais correntes de pensamento que caracterizaram o século XIX, a saber: liberalismo, socialismo e social-democracia.[5]
Todavia, essa caminhada, que teve seu marco final próximo das Guerras Napoleônicas não libertou a todas as pessoas desse estado. Ainda hoje alguns vivem na menoridade, dado que livrar-se dela é difícil. Para alguns, é possível afirmar, chega a ser quase uma segunda natureza, posto que a muito acostumados a viver com regras e normas, instrumentos mecânicos de uso racional, cingiram-se a uma menoridade quase eterna – é e ponto!
Para esses, mesmo que consigam se soltar dessas ‘amarras’ pouco farão, talvez não mais que experiências inseguras, pois não estarão aptos a utilização da razão/ação. Poucos conseguem, de fato, com a educação do próprio espírito.[6] Isso foi realidade à época e, para alguns, ainda parece verdade presente.
Immanuel Kant, um dos mais conhecidos pensadores[7] do Iluminismo, atribui à palavraesclarecimento[8] a saída do homem de sua menoridade e, em célebre passagem, responde a pergunta que intitula o presente texto, conceituando:
"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo" (Kant, Immanuel. 1784)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCREMIN, Mayra. A exaltação da razão no iluminismo e a crítica à razão instrumental da escola de Frankfurt. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3570. Consultado em 11/12/2010.
WEBER, Thadeu. Autonomia e dignidade da pessoa humana em Kant. In Direitos Fundamentais & Justiça. Porto Alegre: HS Editora, 2007, p. 233.
Outras fontes:
Iluminismo. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo. Consultado em 12/12/2010
O que é iluminismo. Disponível em http://rgirola.sites.uol.com.br/Kant.htm. Consultado em 11/12/2010.
[1] SCREMIN, Mayra. A exaltação da razão no iluminismo e a crítica à razão instrumental da escola de Frankfurt. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3570. Consultado em 11/12/2010.
[2] SCREMIN, Mayra. Op.Cit.
[3] WEBER, Thadeu. Autonomia e dignidade da pessoa humana em Kant. In Direitos Fundamentais & Justiça. Porto Alegre: HS Editora, 2007, p. 233.
[4] Iluminismo. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo. Consultado em 12/12/2010
[5] Idem.
[6] O que é iluminismo. Disponível em http://rgirola.sites.uol.com.br/Kant.htm. Consultado em 11/12/2010.
[7] Dentre outros, como por exemplo: Nos Estados Unidos: John Adams, Samuel Adams, Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, Alexander Hamilton e James Madison. Na Escócia: Adam Ferguson, David Hume, Thomas Reid, Adam Smith e Francis Hutchenson.
[8] WEBER. Op.cit.
* Artigo originalmente publicado e disponível em: http://www.processoscoletivos.net/ponto-e-contraponto/721-o-que-e-iluminismom